sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Les Paradis Artificiels II

Hoje recorri ao paraíso. Não havia como. Precisava voltar. Artificial, mas paraíso. Mas quando cheguei lá, tudo estava morto. As árvores tinham sido cortadas. Os rios, poluídos. A vida, morta. Só havia vazio. E dor. O paraíso não me ajudou. Não é mais como antes. Não há mais prazer. Agora, é dormente. Estou ainda nele, em busca de. Mas de não está aqui hoje, nem sei se virá. De está se divertindo. Esquecendo-se. Vim ao paraíso para esquecer. Mas - ironia - o paraíso me conduziu de volta à lembrança.

Os dedos dançam bêbados pelas teclas. Falam do paraíso. Não vá lá, desavisado. Nada mais há que dor, sofrimento, angústia, depressão. Não se pode mais chamar isso de paraíso. Dê-se logo o golpe de miserircódia. Para quê a cabeça? Corte-a fora. Deixe sangrar até o fim. Deixe estrebuchar. Deixe a dor. Esqueça. Não vale a pena. A morte é a única certeza de tudo. E como tudo o resto, o hoje serviu para dizer que a morte é a única saída. Matemos, portanto, a esperança. Matemos os sonhos. Matemos os pensamentos positivos. Matemos a nós mesmos. Por favor. Eu te peço. Matemos.

Insistir para quê? Sísifo, todos. Eu, você, todos. É tudo inútil. Posso estar enganado, ou embriagado, ou drogado, ou tudo, ou nada. À minha volta, um grande vazio. O sufoco torna-se, pouco a pouco, simplesmente sufoco. A delícia invento para mim mesmo, à custa de psicotrópicos, que psico-resolvem. Será que há? Não posso responder. Não eu. Não daqui. Do paraíso artificial. Daqui tudo é turvo. Os dedos cambaleiam. Escapam. Escorregam. Preciso atentar ao que produzem. Para que nada passe. Ou para que tudo passe. Quisera eu o verdadeiro paraíso, se o há. Não sei. Sempre quis vê-lo. Sempre me foi negado. Sou homem. E como homem, devo aceitar a queda. Não devo esperar nada. Não me cabe a esperança. Só a dor. O desespero. A desesperança. O choro. O pranto. A dor. Está lá, no Código dos Códigos, no Great Code de Blake.

E eu? Aqui. Só. Lamúrias. Entre vômitos e retomadas. Entre goles e desabes. Entre químicos e lágrimas. Eu, aqui. E tu? Onde. Sugiro: em prazer. Não deve haver culpa. Também eu buscava prazer. Mas encontrei, instead, dúvida. Só isso: dúvida, dor, depressão, denegrimento, depressão. Mas te digo: corte logo esssa cabeça. Veja-a sangrar até a morte. Aí está a paz. Não minha. Estou destinado ao second coming de Yeats. E ao third, fourth, fifth... Todos os comings que me vierem. Até que não me reste mais tempo. Até que o tempo me reclame. Desgraçado. Eu.

Mal vejo o que escrevo. Como o Cubas descreveu, ao menos aqui há tempo de voltar e acertar os tropeços. Mas estes acertos não dimnuem a dor do que não é (ainda? responda-me). Não me resta mais levezes. Sou pedra. Chumbo. Peso. Insuportável. Não sirvo. Des-sirvo. Desanimo. Des. Des. Des. Des. Des. Des. Complete como quiser. De qualquer maneira há de. A nota musical me foge. A nota do meu blues. Tocada por outros dedos. Soa, incessante, por outras mãos. Mais habilidosas? Não sei. Não me cabe julgar. Nunca toquei nesta nota. Meus blues têm sido outros. Intrépidos?. Não, blueses, somente. Eu blues. Eu Blacks. Mais Blacks do que blueses. Vide os paraísos artificiais.

Por isso, peço-te: corte-me a cabeça, ou tire-me do cadafalso. 11:00 p.m. Soa Winehouse. Meu paraíso, a propósito: Wine, House, and... They try to make me go to rehab but I won't go. Como podes? Como posso? Por que isso? Mal vejo. Mal me controlo. Entre idas e vingas, imagino. Espero, e nada. Enquanto isso, discurso sobre. Não se precisa mais de objetos. Não se precisa mais de nexo. Deixemos o pensamento correr. Livre pelos campos do paraíso artificial, onde estou. Nesta dizziness. Misturo a porra tuda. Tout est déjà foutu. Foda-se tudo. Especialmente eu. Foda-me. Eu que me foda. Eu que me foda. Eu que me foda. Eu que me foda. Eu que me foda. Eu que me foda. Eu que me foda.

Sorte? Se isso é sorte, não quero saber o que é azar. Por que tudo isso? Por que eu? Por que isso pra mim? Por que não eu tenho direito à outra dormência, àquela que não preciso buscar em alcalóides e psicotrópicos? Por que eu? Por que essa insatisfação? Por que essa verborragia? Por que?

A cabeça pesa-me. Pende. Nada mais vale a pena, já que minh'alma é - embora Pessoa - pequena. E até agora nada. Palavra. Entre tantas. Palavra nenhuma me vem. Tudo parte exclusivamente de mim. Morte aos infiéis, portanto, a mim. Desfido-me de mim mesmo. Corto minha própria garganta pelo prazer ( que será recompensado?) de outrem. Suporto, sozinho?, todo o peso.

Sou, enfim, L'idiote. The idiot. O idiota. Il testardo. Que sabe que, mas ainda assim insiste. Mas não há mais desculpas a se pedir. Só revoltas e dores a se expor, como nas linhas acima.

Le paradis artificiels. (Isso não é um plágio).

Pas de Baudelaire. Eu mesmo. Fugas. Descaminhos. Cigarette. Cibiche. Clope. Pipe. Sèche. Tige. Tous la même chose. Todos: des paradis artificiels. Crio eu tudo eu mesmo? Para mim mesmo? De mim mesmo? Seriam reverberações de quereres velhos? Ecos? Serão só perguntas? Seriam meus paraísos de fato artificiais? Tudo, de agora em, serão pergutas. Percebo isso. Não adianta querer respostas. Não há. Está tudo, indefectivelmente, fodido. Não preciso de poème du hachisch nem de comer ópio. Tais escapismos não me cabem mais. Embora adepto de outros. Sim, outros. Ansiolíticos, analgésicos, dores, inquietações. Entre angústias e químicos, vive-se. Tenho lá minhas escapadas. Daí, des paradis artificiels também os meus? Pergunto-me... Intervalo de um século entre. Eu aqui, sob o calor dos trópicos infernais. Entre raivas, ódios, medos, desejos, angústias, arrebatamentos, depressões, bebedeiras, desapontamentos, agonias, obrigações, tédios, ânsias, vômitos, etc., etc., etc. Tudo isso me embrulha. Embola. Embusteia. Emburra. E fico, assim, cada vez mais velho. Velho, doente, áspero, rude, arrogante, desprezível, desprezável, despicable, solitário, isolado, deprimido, deprimente, decepcionado, decepcionante. Que queres tu?

Mínima.

- E agora?
- Não sei ainda. Vacilo.
- É. Também. Mesmo que não.

E viram que (ainda assim) era bom.

Ich Will

Palavras lusco-fuscas. Não ditos. Por dizerseres. Vários. Incômodos. Ex-pectativas? Não ex. És-pectativa. E contam-se os minutos. Segundos. Centésimos. Milésimos. Chegará o depois? O que virá depois do depois? Que pensar depois do depois? Que ser depois do depois? Tudo, uma interrogação. Possibilidades tudo. Vontades tudo. Ich will.

Mas e o outro lado? O que será o outro lado? O que será do outro lado? O que pensa? O que quer? Wollen Sie? Nada se constrói sobre paredes prontas. Sobre alicerces velhos. Quebra-se tudo. Põe-se tudo abaixo. Olha-se para o caos da destruição. Limpa-se o terreno. Começa-se tudo novamente. Assim. Indeterminado.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Conoscerti o Conoscermi?

Juntos, alimentamo-nos. Mas de quê? Não de pasto, mas de nós mesmos. E os olhos, janelas fechadas, encobertas, enegrecidas. Escondiam algo, palavras ditas com, mas sem dizer palavra. Enquanto isso, palavras fúteis dançavam à nossa frente. Sorrateiras, matreiras, desconfiadas, amigáveis. Mas ainda assim, algo. Música de fundo. Dizendo o que não ouso. E ela me fica na mente, soando, ressoando. E os olhos. Por que se escondem de mim, quando perto? Por que me olham, quando longe? Olhar para mim é olhar para um abismo. Igualmente enegrecido. Insondável. Arrogante. Como todo abismo. Que engole quem dele se aproxima. Não há fenda nesse abismo. Só o precipício. Mas como seria essa queda livre? Seria sensação de liberdade? De vôo, em vez de queda? De insegurança, por cair? De leveza, por não ter chão? De medo, por não saber o fim, se é que há? De alegria, por experimentar a falta de amarras? Como seria? Como seria? Só há uma maneira de saber: atira-se no abismo, suicida, ou observa-se da beirada, olhando para coisa alguma.

Micromim.

Ela: Mas como falas.
Ele: Estou ficando mais você.

Sobre como compreender a mim mesmo, ou ao menos tentar, ou pensar que se tenta, e achar que se compreende, o que dá no mesmo. Ou não.

O título já diz. Trata-se, aqui, de uma viagem, não autour de ma chambre, como Maistre, nem pelas minhas terras, como Garret, ou sentimental, como Sterne, mais autour de moi même. [A ordem dos fatores ali não interferirá]. Quisera um espelho. Embora saiba que não adianta. Quisera, igualmente, as palavras que me faltam. Mas não há como saber quais se não sei quais. E tudo é, enfim, isso: .................! . Ou isso:.................. ?. Seria essa a dimensão trágica de mim mesmo? Seria outro Loman, ou, melhor, outro Willy? Há algo de podre no reino das minhas idéias. Mesmo que não haja mais nada entre o céu e a terra. Mesmo que não se tenha mais filosofia. [Como estou verborrágico hoje à noite! (Mas desconsiderem o parêntese inútil em que falo comigo mesmo. Mera divagação sem interesse e que não serve em nada ao propósito)]. Volto ao meu sorumbatismo. Essa viagem autour de moi même é mero wandering, como se diz na língua de Shandy. Ou seria wondering? Escolha você, que te rouba seus minutos e desperdiça-os na leitura disto, que não diz nada. Não me importo. Isso aqui sequer se parece comigo. Até mesmo porque, estando eu nesta viagem autour de moi même, não sei de onde parto, se é que parto, nem onde estou, se é que estou. Sou um Willy, ou nem tanto. Ou mais. Embora não um Biff. Talvez um Happy. Um Happy Loman, sim. Mas não tão low, não tão man. Alguns (conhecidos, atente) diriam: ora, deixe disso. És muito mais. Sou? Não percebes estes rodeios, estas indecisões, estes achismos baratos, estas incertezas, estas circunlocuções vazias? Esta v-e-r-b-o-r-r-é-i-a? Vejam as referências várias, que dou: um título à la Fielding, uma sintaxe que se quer shandiana - na forma e no tema - e que se admite tal, e trata de forma jocosa [não percebestes?] a miudez do homem cego? Dúvida hamletiana [grande novidade!], com requintes todos meus [se é que há, embora eu acredite que sim]. E nessa viagem autour de moi même caminho em direção a -----> ?. Quisera encontrar algo para colocar ali. Talvez tenha achado. Creio que sim [Embora insista sempre na certeza, desde hoje me coloco em dúvida, e sabes o que isso quer dizer, tu que lês]. Enfim. Acabo aqui. Saído de nada e chegando a essa conclusão: ".................".

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Máxima

Quando quiser algo, não peça. Tome.

Le désir

Tudo cada vez mais próximo. Ao mesmo tempo: esmaecido. Presença que se impõe. Ausência de si mesmo. Busca de si mesmo. Mas não se encontra a si mesmo, nem em si, nem em outro. Constrói-se um si. Mas como? Junto? E se disjunto? E o que se diz junto? E a cumplicidade? O si é uma construção. Um castelo de areia. Que se dezfaz, com a maré. Que sobe, e desce. E assim se constrói e reconstrói o si. Constantemente. Travail perpétuel. Travail sans sens. Mas quanto dura a maré?E depois da descida, o que vem? Construir um novo castelo? Trabalho de Sísifo? Não se mede valeres a pena. Vale-se. Ou não se vale. Não há razão para. Não se sabe se. Quem sabe se um dia a maré deixará de subir, ou subirá menos, sem ameaça?

sábado, 25 de outubro de 2008

Máxima.

Crê, e hás de te decepcionar.

Macbeth. Ato II. Cena I.

"A dagger of the mind, a false creation, proceeding for the heat oppressed brain".


Mudaria a metáfora. Não uma adaga. Um copo. D'água. À minha frente. Garganta seca. Sedento. Já cansado. Exausto. Triste. No entanto, há vozes: alucinas!. Sois Macbeth. Não mais o cérebro oprimido. Mais le coeur, votre coeur. Não pelo calor. Pela frieza. Pela incerteza. Seria também meu copo a false creation? Posso estar louco. Embora não creie.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Komm Gib Mir Deine Hand.



What should you pay attention to?

O que se lê quando se lê.

Leio palavras. Nelas, algo que busco. Um indício de verdade. Uma querença qualquer. Que não sei se há, se houve, se haverá. Fico ali. Então. Transitando em meio a vazios. Indeterminações. Ditos que não se dizem. Insinuações. Insinuam-se, as palavras. Dançam. Leves. Soltas. Envolventes. Perturbadoras. Tento também eu manipulá-las. Como me manipulam. Conduzem-me. Fazem-me crer. Desfazem, depois. Mesmo aqui. Agora. Solitário com elas. Fogem-me. Escapam-me por entre os dedos. Escorregadias. Contudo - penso - talvez as indeterminações me prendem. Daí, intenção? Fico em dúvida. As palavras, sempre, dúvida. Desfazer o novelo? Há gatos à espreita. Nada é tão complicado. Mas eu ouviria: Nada é mais simples. Tudo está em de quem parte a querença. Em quem quer dar o passo de ousar uma outra interpretação.

Máxima.

Se eu afirmo, é verdade.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Momento vazio.

Hoje não há palavras. Não há nada a dizer. Nem metáforas. Nem vociferações, esbravejos. Hoje não há nada. Absolutamente nada. Só a insatisfação.

sábado, 18 de outubro de 2008

Help!

ATTENTION TO THE LYRICS MUST BE PAID:






You've got to hide your love away

Here I stand head in hand
Turn my face to the wall
If she's gone I can't go on
Feeling two foot small
Everywhere people stare
each and every day
I can see them laugh at me
And I hear them say

Hey you've got to hide your love away
Hey you've got to hide your love away

How can I even try?
I can never win
Hearing them, seeing them
In the state I'm in
How could she say to me
"Love will find a way?"
Gather round all you clowns
Let me hear you say

Hey you've got to hide your love away
Hey you've got to hide your love away

Máxima.

Alguns se acham. Eu me tenho certeza.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Considerações finais

Imaginou-se. Pensou-se. Refletiu-se. Ponderou-se. Esquivou-se. Hesitou-se. Duvidou-se. Agora: foda-se.

Máxima

Dito está o que dito está.

Máxima.

Pior do que não ter nada, é não ter tudo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Coup (de foudre?)

Dar-se conta. Reparar o (ir?)reparável. Querer o (im?)possível. Por que tantos círculos? Por que não a linha reta? Ou sequer tortuosa? Porque o homem, a dúvida de si mesmo. Porque no espelho embaçado nada mais que imagem turva. Porque vazio somente. Que se quer preencher.

Mas como? Se não há como envisager? Se tudo conspira contra? Shandy? Não. O Destino - se há - o grande irônico. Nesse sentido, Romeo and Juliet, um desastre. Tentativa malfadada. Nada é tão simples assim. Diria antes: Hamlet and Ophelia. Mas eu, Ophelia. Tudo grande demais. De mais a mais, retraio-me. Recolho-me. Escondo-me. Quisera a verborragia de Hugo. A perspicácia de Dr. Johnson. A serenidade de Emerson. O colossal de Goethe. A loucura de Blake. Ou de Hölderlin. A naïveté de Rousseau. A leveza de Voltaire. A amargura de Alceste (essa talvez tenha, a propósito). A irreverênica de Voltaire. A acidez de Molière. De Dante, a constância. De Boccaccio, o demiúrgico.

Mas não. Não me cabe tanto. Sou apenas homem. Não cabe tanto em um homem. Nem numa representação divina. Não. E assim, como homem, deve ser. Nada mais. Nada menos. Sendo assim, melhor não querer nada. Melhor recolher-se. Resignar-se. Aceitar.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Música como não mais se faz, como nunca se fez

PAY ATTENTION TO THE LYRICS:

Máxima.

Enjaule o homem, e como um animal ele se comportará.

Pingo de sabedoria inútil (dadas as considerações acerca da natureza humana)

Que é o amor, senão uma pingo d'água na palma da mão? Lidar com ele, tão fácil. Deixe a mão aberta, ele fica. Feche-a, e ele te escapa por entre os dedos.

Defesa da Poesia.

Não há mais como. Morreu. Acabou. Tentar ainda? Inútil. Mas que foi a escrita, desde sempre? Toda aquela linhagem, de Homero a Celan, de Javista a Eliot, de nada a coisa nenhuma. E eu? Onde fico nisso tudo? Dizem que há sempre lugar ao sol. Não vejo sol. Ou lua, ao menos. Tudo é noite. Sem estrelas. Sem brisa. Quente. Mesmo o mar, morto. Só silêncio. Da madrugada. Do dia que não nascerá. Disse que não mais metáforas. Que são, pois? Toda palavra é metáfora, anáfora, coisas mais. Então, para que poesia? Para que a arte da palavra se toda palavra é arte? Se todo ser é senão pela palavra? E se toda palavra é senão metáfora? Não o que é, mas o que se diz que seja. Nada mais é. Nunca foi. Eu não existo. Isso aqui não existe. Nada existe. Só palavras. Nelas: ambigüidade, vazio, indeterminação, deslizes, tropeços... Quisera a leveza de Luciano, deram-me a angústia de Kafka. Quisera a ironia de Shandy, fiquei Hamlet. Quisera a astúcia de Rosalind, fiquei Macbeth. Logo, eu Otelo. Foi-se de mim a luxúria da Wife de Bath. Fiquei sorumbático, Casmurro. Enfim, virei tudo. Palavras. Ou seja: ninguém.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Octavio... Paz?



El hombre es un ser que pregunta. Sim. Também eu. Tudo, aqui, lá: perguntas. Dentro, fora, direcionada, ou não, perguntas. E há uma pergunta no ar. Aquela ainda não exteriorizada. Infelizes os que se calam, porque deles é o reino da dúvida. Mas e então? O homem. Reflexões de Paz. Ou Guerra? Há Paz? É possível que haja Paz? Não. Não assim. Não como estão as coisas. (Já te esqueceu do título, idiota? Your shit is fucked up! Why do you care? ) Leviandades. Vida à sério? Não. Mas como? Com tanto a dizer. Tanto que se quer. Que queres tu? É a eterna contradição humana. Sou obrigado, de mal grado, a concordar. Querer o que não se tem. Ter o que não se quer. Tudo indeterminado - medida de precaução. Homo sapiens? Homo dubius. άνθρωποσ? Antro de nadas. Antes fosse de tropos. Sou um que pergunta. A ti, a mim, a tudo, às páginas, às palavras. Porém, dada a contradição, permanece. E que há a temer? Evitamos maniqueísmos. Mas só há. Há Sim. E Não. Diria, contudo: e o por enquanto? Passagem, tudo.




[Melhor largar tudo e tocar um blues em mi, lá no podcast]

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Sobre a ausência (em que o discurso se liberta dos grilhões da arrepsia)

Incrível. Até mesmo a ausência leva à fecundidade. Hoje, até o momento, nem uma palavra. E no entanto, tantas. E nada virá. Que faz a ausência? Pensar. Disse que o discurso se libertaria dos grilhões da arrepsia. Até o momento, não. Ou não parece. Mas e então? É em momentos de ausência que é sentida de forma mais intensa a necessidade da presença. É quando fica algo irresoluto que se sente o quanto há para se resolver. E, espero, tudo continuará sempre irresoluto. Uma vez resolvido, nada mais resta. Quero, isso sim, perguntas eternas, que se refazem a si mesmas, em dúvidas que se desvelam aos poucos - e vê, como os grilhões aos poucos se quebram? - somente para revelar dúvidas novas, como em espelhos colocados um em frente ao outro, resolvendo-se em imagens abismais, profundas, sem fim. O que não se tem - com o artifício da indeterminição sujeita - é o que se quer. Natureza humana. E a ausência, cada vez mais sentida. A cada minuto. Obrigações roubam os arroubos de êxtases estáticos. E nada. Ousadia demais, talvez.

Drang und Drangsal

Impulso. De uma só vez. Tudo, ou quase, dito. Verdades. Vontade de mais, vontade demais. Será? Deve-se dar o passo adiante? E se for cedo? E se for tarde? E se não for? O resto encontra-se no vazio. Nas entrelinhas. No que não está escrito. Ao bom leitor, meio pensamento basta. Que pensar? Pensar é penoso. Escorregadio. Cai-se facilmente, como outrora. Mas o medo de uma queda pode levar a outra. Daí: dúvida. Como saber? Não há. Eternamente vendados, os olhos. Ou, como se vê, cabisbaixos. E os outros. Estes, não para baixo. Para o lado. Como se à procura de. Será? Não seriam os meus olhos? Afinal, vê-se o que se quer ver, ou não? E as palavras. Lesmas escorregadias que me escapam das mãos. Afirmam sem querer. Ainda assim, revelam o desejo. Mas desejar é incerto. Temerário. Lançar-se ao desejo? Irresoluto. Contudo, quero. Sim. Afirmo. Sem meias palavras. Sem torneios, ou floreios, ou metáforas, ou metonímias, ou símiles, ou hipérbatos, anástrofes ou sínqueses. A Palavra - λόγοσ - deve ser dita. Pronunciada. Em voz alta. Ressonante. Presente. As consequências, suportadas, comme jadis...Mas, temor. As próprias palavras, inspiram. Deve-se olhar para frente. FACE IT. ENCARAR.

E se não, não...

domingo, 12 de outubro de 2008

Senhora Lázaro – Sylvia Plath (Tradução moribunda)

Tentei novamente.

Há um em que eu tente

A cada dez anos.

Como um caminhar milagroso

Lustrosa como um abajur Nazista

Meu pé direito

Insiste: desista

Meu linho judeu

Fino, deformado.

Dispa o lenço

Ó meu inimigo.

Estás com medo?

O nariz, as órbitas vazias, toda arcada dentária?

O hálito podre

Sumirá em breve.

Logo, logo o corpo

No túmulo úmido pútrido vai estar

Em mim, meu lar.

Sou uma mulher sorridente.

Não passei dos trinta.

E como gato, tenho nove vidas.

Essa é a Terceira.

Que imundície

Para ser limpa a cada década.

Que milhões de fibras.

A multidão Comedora-de-amendoins

Se espreme para ver.

Estas são minhas mãos,

Meus joelhos.

Posso ser pele e osso.

Sou, contudo, a mesma mulher, idêntica.

Na primeira vez, eu tinha dez.

Foi um acidente.

Na segunda quis ir,

Que durasse para nunca mais voltar.

Fechei-me

Como uma concha.

Tiveram que chamar, chamar

E tirar os vermes de mim como pérolas

Grudentas.

Morrer

É uma arte, como tudo mais.

Faço como ninguém.

Faço com que com o inferno compare-se

Também.

Faço com que pareça real.

Talvez pudesses dizer que me chamam.

É fácil demais fazê-lo numa cela, meu bem.

É fácil demais fazê-lo para não voltar.

É o voltar teatral

Em dia claro,

Para o mesmo lugar, o mesmo rosto, o

Mesmo grito

Irracional, pasmo:

“É um milagre!”

que acaba comigo.

Há um preço

Para ver minhas cicatrizes, há um preço

para ouvir meu coração –

Sim, há.

E há um preço, muito alto, um preço,

Para uma palavra ou um toque,

Ou uma gota de sangue

Ou um fio de cabelo meu em minhas roupas.

Sim, sim, Herr Doktor

Sim, Herr Enemy

Sou seu opus,

Seu valioso

Bebe de puro ouro

Que se desfaz em um grito.

Insisto em menear e queimar

Não penses que te subestimo por se

Preocupar.

Cinzas, cinzas –

Que fazes remexer e agitar

Carne, osso, não há nada lá –

Um pedaço de sabão

Uma aliança de casamento

Uma obturação de ouro.

Herr Deus, Herr lúcifer

Cuidado

Cuidado

Das cinzas

Me levanto, um ser alado

Devorando homens, esfomeado.

[Março, 2006]

ps. a porra do blog fudeu com as estrofes. não fui eu.

sábado, 11 de outubro de 2008

Sobre a decepção, e suas implicações nefastas.

563. Facilmente resignados. Não sofremos muito com desejos frustrados se ensinamos nossa fantasia a enfear o passado.

: pois se não, sabes. Mas e se não? Não soube. Ainda. Futuramente? O certo é o receio da queda. La chute, como Camus. Já outras vezes, como dito. Não tantas. Contáveis. Do receio, mas há certeza. Aprende-se isso com a queda. Com todas as quedas: certeza de que se cairá de novo. A menos que. Ronda-se como onça faminta. Selvagem. Violento. Comedido. Tão facilmente resignados? Fato: ele não provara do prato. Do contrário, . E então? Sabe-se da certeza da queda. Tenta-se? Arrisca-se? Espera-se mesmo sem esperança? Que mal há em procurar a saída em meio a um incêndio em que o fogo é frio e gélido? Todavia o gelo também queima. Também mata. Destrói. Lentamente. Consome. De dentro. Enfear o passado. Futilidade. Melhor: arrogância. Tente! Certamente conseguirá. Até o momento em que o passado olhar para você com olhos abismais, como ontem. Daí, novamente, la chute. O certo é o receio da queda? Não. Creio, antes: a queda, o certo. Ao menos agora. Circulocuções. Paráfrases para nada. Novamente: onça em cículos. Ou Jaguar, como Hughes. Mas as barras são oriundas dali mesmo, nós. Assim como os nós. Uns olhos, cabisbaixos. Outros, sorrateiros. Matreiros. Joviais e desconfiados. As palavras se escolhem como pérolas para um colar. Tudo é um contrato. Não como Rousseau previu, ou quis, ou pensou. Percebo idéias desconexas. Tudo desconexo, sem nexo, sem sexo. Todavia assim é. Ou quero que seja, o que dá no mesmo. Foi-se a coerência. Elementos coesivos? Não. Elementos corrosivos. Já 40 minutos passaram. Nada se disse. Nada se dirá. Devaneios. Devaneios. Devaneios. Percebo-me cada vez menos como ele, N. Cada vez mais eu mesmo. Sozinho. Mas talvez ele quisesse isso. Quem sabe? Divaguei. Tudo o que poderia ser e que não será. Por razões tais. Lobo de si mesmo. Condenado. Prometeicamente condenado. De que adianta o fogo, se não há lenha?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Passato Prossimo.

Oggi ho visto il passato. Un passato prossimo. Un passato che mi è piaciuto. Lo passato che ho distrutto. Senza volere. Senza pensare. Cosa posso fare adesso? Vorrei potere cambiare tutto che è successo. Però non c'è come. Non possiamo controllare niente. Dopo oggi, sono certo, tutto sarà diverso. Gli occhi non vedranno più come prima. Adesso, c'è soltanto distruzione. C'è un passato. Tutta una vita distrutta.Sofferenza. Quello che. Prima, sogno. Dopo oggi, una realtà. Non lo credevo. Adesso è diverso. Diverso. Diviso. Non ci conosciamo più. Stranieri. Come prima. Come adesso. Come sempre. I sentimenti sono morti. La vita è morta. La speranza non è più. Ho sentito tanto. Ma anche questo sarà morto fra poco. Vorrei cambiare. Non c'è come. L'indifferenza. Mi ha fatto pensare. Scrivere. Ho pensato. Ho scritto. Penso ancora. Però il rimorso sarà sempre. Le parole non possono esprimere niente. Non c'è come cambiare. Non c'è. Non c'è. Io voglio. Voglio vivere quello passato. Quello che. Vorrei dire. Però gli occhi non mi hanno lasciato. Gli occhi eranno aperti. Non lo sono più. Tutto è già perduto. Scusami.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sadness. Sorrow. Suffering.


Outrora, o vazio. Hoje: do sentido, ausência. Embora de falar tudo vontade. Ir dos limites além.

esquecer me de tudo e como se fluir na corrente deste sem nada que pare interrompa impeça desencoraje mas há que se cuidar cacos vidros em baixo dos pés correr soltas as palavras les mots como sartre mas não mais sartre não mais camus agora só eu sozinho no turbilhão de coisas dúvidas certezas incertas ditos não ditos pelas metades das elocuções pelos inacabamentos do que se diz pela angústia que se traz ao drama que se condena ao que é ao que não é ao que talvez e só talvez não venha jamais a ser tudo se limita ao distante e frio aos não sei aos não me lembro mais o que e como se termina sempre como o vazio da palavra sem sentido como se

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Eu palavras.



Hamlet: palavras, palavras, palavras. Palavras: realidade. Real? Muita pretensão. Tudo não passa de palavras. Em páginas ora brancas, ora amareladas. O Tempo. Somos livro sem capa, nem contracapa, nem lombada. Somos páginas soltas. Palavras escritas fora das linhas que não existem. Quisera ser livros. Mas só se pode aspirar. Não me pertence o eterno. A satisfação. A realização do livro. Sou palavras escritas à distância. Que distorcem. Mentem. Manipulam. Dissimulam. Fazem crer. Desfazem. Demovem. Criam. Destróem. Trazem dúvida. E mesmo: duvidam. Quisera ser o que Arcimboldo vira. Sou livros. Mas não Livro. O que leio. O que penso. O que falo. (In)Determinam o que sou. Tantas palavras para não conseguir dizer nada. E vejam como estou mais discursivo. As frases se alongam. As palavras se encontram. Não mais tão sozinhas. Todavia mostram-me o contrário. E no entanto só elas. Meu real. O que me existe. Todas, escritas por outrem. Outrora. Outubro. Outrossim creio, descrétido. Por vezes, assustam. Surpreendem. Assombram. Mas sei do que fazem. Por isso: sozinhas, comigo. Evito deixá-las correr. Soltas. Como querem. Como me forçam, porventura. Entretanto, entre nada, entre, talvez, alguma coisa. Talvez, entre. Nas linhas entre. Nas palavras entre. A verdade está no detalhe. Mas - merda - o detalhe não é. É o que vejo. Daí: receio. Medo. Não se deve confiar nas palavras. Como não se deve confiar nas mulheres. Como não se deve confiar no mar. Hugo bem o sabia. E tantos. E ninguém. Se eu palavras, como ler?

terça-feira, 7 de outubro de 2008

On the unbearable lightness of being.

Sobre o quê? Monólogos. Mono logos. Mono. Mono sílabas. Mono dúvidas. Mono vidas. Mono thoughts.

UNBEARABLE.

Palavras soltas. Minhas. Sempre. No vazio do fundo. Da janela. Nos equívocos das máximas: idéias mínimas. Nas circunlocuções. Se tudo é objeto, nada de objeto. Sabe-se. Mas, daí, o sentimento:

UNBEARABLE.

Mais circunlocuções, rodeios, perífrases. Nada é certo. Tudo: areia ao vento. Caindo nos olhos.

UNBEARABLE.

Desvios estratégicos. Desvios pensados. Cuidadosos.

UNBEARABLE.

La vie, c'est la mort. Singular. Singulares. Solitário.