quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Para não esquecer

Existem para lembrar, as palavras. Mas num instante breve de ócio, de retiro das multitudes orgásmicas que se divertem em meio a vazios, percebi que as palavras, sozinhas, parecem não me bastar, ou bastarem a si mesmas, e aí tentei dar a elas outras dimensões, pictóricas, musicais, dimensões que são ecos de si mesmas, sempre, como se martelasse incessantemente a mesma tecla do piano, como se o sol fosse a única nota em torno da qual todas giram, cada uma a seu modo, e então percebi profundidades virgens até então, que agora começo a preencher com o que me vem sem que eu peça, sem que eu queira, mas que vem, assim, simplesmente, como se já estivesse já, e talvez já esteja, ou já tenha estado desde sempre, e talvez eu tenha tão simplesmente aberto mais uma porta de um corredor sem fim com suas portas que se seguem sem fim uma ao lado da outra, esperando para serem abertas, cada uma com o seu segredo, cada uma com a sua surpresa, mas até quando?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

De repente descobriu que não adianta falar sobre. É preciso ver para ver.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Como é?

Andei pensando comigo mesmo sobre questões sem importância alguma, como pensar, por exemplo. Já cansei de sentir vontade de mantar tudo e todos à merda, à puta que os pariu, já cansei de mandar todos à merda e à puta que os pariu porque percebi que estamos todos na merda, e de repente a merda não é tão merda assim, nem a puta tão puta, nem talvez tenhamos sido paridos ainda ou sei lá. Já me fudi muito, tanto que nem sei se me fudi mesmo, ou se fudi com alguém, mas, quer saber?, foda-se, isso não me diz mais respeito. Estou assim agora, assim. E pronto. Não tenho mais tempo para essas merdas, essas putarias todas que não levam à nada porque no fim das contas somos todos um filhos de puta cegos que acham que sabem de alguma coisa e depois morrem e não fazem a menor diferença e mesmo aqueles que ficam lembrados por algumas décadas depois de mortos por terem feito alguma coisa que alguns otários acham que tem algum valor não passaram também eles de filhos de puta cegos que teriam feito um melhor serviço se tivessem ficados calados porque pelo menos assim não teriam iludido ninguém achando que vale a pena pensar a respeito de alguma coisa. E sabe a razão de escrever isso aqui? É saber que isso aqui não vai fazer diferença nenhuma nem pra mim nem pra ninguém, e que tudo vai continuar a mesma coisa de sempre, sem mais, nem menos, embora relutemos como idiotas e pensemos que “ah, uma hora vai mudar”. Vai nada…

 

post-scriptum: se não gostou, foda-se.

 

[Este é um texto de ficção. Qualquer semelhança entre ele e a realidade de quem escreve ou lê é mera coincidência.]