segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Once upon a time (again...)

Alguém bate na porta da sala. Levanto-me do sofá, indisposto, e vou ver quem é. Estranho o interfone não ter tocado antes. Deve ser algum vizinho inoportuno e imprudente. Abro a porta. É João. Não digo nada. Olho sério, simplesmente, para que ele perceba que eu não deveria ter sido incomodado. E aí? Tudo bem? Pergunta, como quem quer ignorar a minha indisposição. Sim, e afasto-me um pouco parar dar passagem para ele entrar. Não se fazendo de rogado, entra e senta no sofá da sala, justamente no meu lugar preferido. Caminho lentamente em direção a ele, depois de trancar a porta, e procuro outro canto para sentar. Penso na leitura que foi interrompida. Nada importante, mas preferia não ser interrompido. Sempre prefiro não ser interrompido. Ainda mais que não prestei atenção onde parei. Depois terei que buscar, e reler alguns trechos para descobrir onde estava. E então? Que tem feito de bom? Pergunta, mesmo sabendo que eu não fizera nada de novo, nada de diferente, nada além do que eu faria qualquer outro dia de férias que fosse. O de sempre, respondo. Vou num bar hoje com o pessoal, aqui perto. Sabe como é, sexta à noite, ninguém quer ficar em casa. Quer ir com a gente? Não sei. Não estou muito bem, não sei se quero sair hoje. Tem certeza? Tenho. Ok. Então eu já vou. Estão me esperando lá embaixo. Ele se levanta e vai sozinho até a porta. De onde estou, acompanho-o com os olhos. Abre a porta e sai, depois de um até outra hora. Encosta a porta lentamente em seguida, para não fazer barulho no corredor que costuma ecoar mesmo o menor dos ruídos. Volto para onde estava e pego meu livro. Busco as minhas páginas, mas elas não estão mais lá. Não há como continuar.

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