quarta-feira, 24 de setembro de 2008




E no fim? Será o que? Da palavra. Tudo. De tudo: a palavra. O fim, o silêncio. A não-palavra. Não mais cegueira. Mudez. Quero em não-palavras. Unword me God. Recusa da palavra, recusa da criação. Nem Verbo, nem Substantivo, nem Adjetivo, nem Advérbio. Talvez Preposições. Dois mil e oito anos depois. E rarefazem-se as palavras. Rarefaz-se a criação. Não há vida senão pelo Verbo. Não há existência senão pelo Verbo. Portanto: Literatura. Só se existe nos livros. Dico, ergo sum? Não. Dubito, ergo sum? Não. Cogito, ergo sum? Não. I am not. Je ne suis pas. Io non sono. Ich bin nicht. Eu. A sombra de mim mesmo. Como Lear. A sombra do que não fui. Do que não sou. Como seria um "Ensaio sobre a Mudez"? Radicalizar. Queria dizer: reduzir ao animismo. Todavia: reduzir ao humanismo. Palavras demais.

Um comentário:

Camilíssima Furtado disse...

Tendência dos nossos dias... males dos nossos dias... menos palavras, menos pensar...