quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Ce que l’on se rappele.

 

Estava sentado num banco, numa praça, olhando para uma rua vazia e umas casas fechadas ao redor. Tudo tão quieto. Janelas tão fechadas. Portas tão cerradas. Alguém chega e senta ao meu lado. Nem sempre foi assim, diz. Pessoas moravam aqui. Era tudo especialmente vivaz nas festas de fim de ano, com as férias, e as pessoas vindo de outros lugares para visitar, e andar, e serem felizes umas com as outras. As coisas mudaram. Ouvi sem dizer palavra. Calou-se por um instante e olhou ao redor, como eu fazia, como se olhasse para o passado. Sim, eu me lembro. Também estive aqui antes, respondi. Também eu me lembro o quanto tudo era vivaz, e leve, e espontâneo, e despreocupado, e o quanto nada parecia se importar com o que viria a ser. E isso é o que veio a ser. Jamais poderia imaginar que isso aconteceria. Que tudo estaria tão alheio, tão distante de mim. Que eu viesse a ficar tão distante de mim. E nesse momento me dei conta do que acabara de dizer. Estou distante de mim mesmo. Respondeu-me, então. A distância de que fala só existe em você. Você é o caminho de ida, você pode encontrar o caminho de volta, se ele ainda existir em você. Disse e se levantou, para não mais voltar, e então eu percebi que fitava o vazio.

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