segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Brevidade

Um telefonema inesperado. Um olhar. Um toque. Um gesto. Algumas poucas palavras. Uma carícia nos cabelos. Passos juntos, poucos, leves, como se flutuássemos. Alheio tudo. À multidão que formigava. Ao ensurdecedor ruído das vozes que se sobrepunham umas às outras babelicamente. Bastou uma presença para que tudo se tornasse silêncio. Pleno, e repleto. De uma presença que preenche qualquer vazio, mesmo o mais abismal deles. E no entanto, não mais que alguns instantes. Uma brevidade secular. Uma brevidade alheia até mesmo ao Tempo, que pára, pede licença, e se retira, por entender que ele, naquele momento, estava sobrando. A presença que esquenta o frio da solidão da tarde. Que a torna leve, pueril, saborosa. Mais trocas de olhares, e de palavras. Aquelas mesmas, que dão corpo ao real. Por que o real nada mais é do que estas poucas palavras. E estas, capazes de criar um real outrora inimaginado, inimaginável. Desta presença, pautada pela brevidade, o óbvio do desejo, agora comedido, cauteloso, que se sabe intruso. Desconfiado - de si mesmo até. Entretanto, posso não usar o pires para sorver o café, mas não deixo de prová-lo.

Um comentário:

Unknown disse...

Um texto tão seu, que mesmo com palavras complicadas pude entender o que se passava por esta mente naquele momento. Pouco e pouco tempo...
Te entendo mesmo não sabendo o significdo de metade das palavras, rs