segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Diálogo (Reminiscências)

E depois eu disse: "Você é algo que eu não consigo definir, ou entender. Há em você tanta leveza. Você vive a vida não como se ela fosse acabar amanhã, mas como se ela não tivesse fim. Apesar de tudo, há sempre um sorriso no teu rosto. Não te vejo triste, em preocupação, ou deixando-se abater pela indisposição. Pelo contrário. Há sempre essa vitalidade que desconheço. Essa leveza no trato com tudo. Essa simplicidade nos atos, nas palavras, que embora singelas, sempre dizem mais do que aparentam. Você é uma pessoa simples, mas de uma simplicidade que não se pode compreender. É daquela simplicidade que se precisa aceitar como é. E agora percebo o quanto é difícil falar disso. Parece que as palavras não são suficientes, seja em que língua for, para falar de você. E ainda tem esse altruísmo, esse querer levar a felicidade e a leveza onde não há, sem esperar nada em troca. O dar por dar, simplesmente. O prazer de ver um sorriso no rostro do outro. Não entendo isso. Isso me é tão estranho. Tão incomum. Tão diverso do que estou acostumado. Isso não é humano. Então suponho que você talvez seja algum tipo de anjo. Desses que vêm, aparecem quando menos esperamos, e do qual desconfiamos até não dar mais. E depois vão embora. Você é daqueles anjos que vêm para mostrar que há outras possibilidades e, sendo anjo, nada te preocupa. Tudo lhe é alheio. Tudo lhe está à parte. E portanto nada parece te incomodar. Tão incomum. Chega a ser surreal tal existência. Todo o meu rebuscamento se desfaz como gelo sob o sol diante da sua simplicidade. Tudo que li e aprendi perde toda a importância perto de você. Pois na simplicidade do seu ser está algo muito mais complexo por ser muito mais simples do que eu posso imaginar. Esvazia-se o ego, diminui-se o intelecto, diante de algo tão singelo, de beleza de ser tão pura. Querer te entender é o mesmo que querer te destruir."

Ouvindo, respondeu-me com um sorriso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ao ler, me senti como uma criança de alguns meses, acho que uns 5, que entendeu, mas não sabe como se expressar diante de tanto carinho, e humildade, e sentimento, e...
E, Tipo, não sei, pela 1ª vez, não sei...queria ter tanto a dizer.