segunda-feira, 10 de novembro de 2008

e esvair-me em palavras deixar correr solta toda a verborragia hemorrágica da ferida aberta procurar em vão pelo curativo que sei que não existe preciso purgar tudo expurgar expelir catarses múltiplas de experiências trágicas não vividas entender o vazio de tudo olhar para o vazio de tudo e ver que não há conexões que tudo está solto à deriva como eu barco à deriva em mar bravio e que tudo enfim acabará inevitavelmente no naufrágio sem salva-vidas nem cordas nem ilhas nem terra à vista só o mar bravio cinza que se funde com as nuvens negras que desabam como se o céu chorasse copiosamente sobre mim fazendo revolver o que já por demais revolvido e sentir que disso tudo estou somente sozinho à deriva sem saber se sei nada pois nunca tentei e não sei se agora saberei tentar e que se vislumbro alguma coisa à frente isso pode ser somente uma alucinação posso ter engolido muita água salgada e por isso posso ter sede e então o copo de água não pode passar de uma ilusão e então tenho o desejo de ser tragado o quanto antes por esse mar e fazer parte dele dormir em sono profundo nas suas insondáveis escuridões que guardam a tantos e assim encontrar a paz que me falta porque sei que perdi todo o meu lugar aqui ou acolá ou onde quer que eu tenta estado porque no fim tudo me conduziria inevitavelmente de volta a este mesmo não-lugar de onde falo penso metonínico-metaforicamente em palavras que fluem ou fruem em gozo sórdido justamente nesta falta de sentido nesta que seria mais completamente uma simples falta de sem objeto ou qualquer outra coisa porque é tudo simplesmente uma falta de e esse de não sei o que é por mais que queira acreditar e disso tudo só posso chegar à conclusão de que é melhor deixar de esperar é melhor descanar e deixar de me debater porque não há mesmo terra à vista não há em que me agarrar é tudo o fim mesmo de e por isso é melhor ir o quanto antes antes que

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