domingo, 12 de outubro de 2008

Senhora Lázaro – Sylvia Plath (Tradução moribunda)

Tentei novamente.

Há um em que eu tente

A cada dez anos.

Como um caminhar milagroso

Lustrosa como um abajur Nazista

Meu pé direito

Insiste: desista

Meu linho judeu

Fino, deformado.

Dispa o lenço

Ó meu inimigo.

Estás com medo?

O nariz, as órbitas vazias, toda arcada dentária?

O hálito podre

Sumirá em breve.

Logo, logo o corpo

No túmulo úmido pútrido vai estar

Em mim, meu lar.

Sou uma mulher sorridente.

Não passei dos trinta.

E como gato, tenho nove vidas.

Essa é a Terceira.

Que imundície

Para ser limpa a cada década.

Que milhões de fibras.

A multidão Comedora-de-amendoins

Se espreme para ver.

Estas são minhas mãos,

Meus joelhos.

Posso ser pele e osso.

Sou, contudo, a mesma mulher, idêntica.

Na primeira vez, eu tinha dez.

Foi um acidente.

Na segunda quis ir,

Que durasse para nunca mais voltar.

Fechei-me

Como uma concha.

Tiveram que chamar, chamar

E tirar os vermes de mim como pérolas

Grudentas.

Morrer

É uma arte, como tudo mais.

Faço como ninguém.

Faço com que com o inferno compare-se

Também.

Faço com que pareça real.

Talvez pudesses dizer que me chamam.

É fácil demais fazê-lo numa cela, meu bem.

É fácil demais fazê-lo para não voltar.

É o voltar teatral

Em dia claro,

Para o mesmo lugar, o mesmo rosto, o

Mesmo grito

Irracional, pasmo:

“É um milagre!”

que acaba comigo.

Há um preço

Para ver minhas cicatrizes, há um preço

para ouvir meu coração –

Sim, há.

E há um preço, muito alto, um preço,

Para uma palavra ou um toque,

Ou uma gota de sangue

Ou um fio de cabelo meu em minhas roupas.

Sim, sim, Herr Doktor

Sim, Herr Enemy

Sou seu opus,

Seu valioso

Bebe de puro ouro

Que se desfaz em um grito.

Insisto em menear e queimar

Não penses que te subestimo por se

Preocupar.

Cinzas, cinzas –

Que fazes remexer e agitar

Carne, osso, não há nada lá –

Um pedaço de sabão

Uma aliança de casamento

Uma obturação de ouro.

Herr Deus, Herr lúcifer

Cuidado

Cuidado

Das cinzas

Me levanto, um ser alado

Devorando homens, esfomeado.

[Março, 2006]

ps. a porra do blog fudeu com as estrofes. não fui eu.

Um comentário:

Josely Bittencourt disse...

Boa!Sabe q no youtube tem um vídeo com esse poema e lá diz [vai saber...]q é na voz de Plath. Mas sem imagem dela, algo como o seu podcast, q ficou muito bom.