sábado, 20 de setembro de 2008

(In)Certeza Sobre a Cegueira

Hoje fui ver o "Ensaio sobre a cegueira". O ponto não está ali por acaso (queria colocá-lo em maiúscula pra que todo mundo prestasse atenção nele, mas um ponto é sempre insignificante e ignorado, poor fucking sonnuvabitch. Vai em vermelho que serve ao meu propósito idiota): é preciso de um ponto para parar e refletir depois do filme. Também preciso digredir. Não dá pra falar dele assim, sem mais nem menos.

Pois bem. Ao filme. Confesso que não li o livro. Deveria ter lido, lerei, mas não li ainda. Que tenho a dizer sobre ele? É estranho e sintomático que justamente no dia que tenha decidido começar o blog roubando a idéia de uma música do já morto Zevon, o filme mostre como all that fucking shit is really fucked up. É. Disse recentemente numa aula qualquer que, ao MEU ver, a literatura serve pra isso (se é que serve pra alguma coisa): mostrar pra nós mesmos, por menos que queiramos, ou possamos, ou aceitemos, ou nos neguemos a ver, que somos os únicos filhos da puta responsáveis por toda a merda que aí está. Quer dizer que não tem mais jeito? Vá saber. Acho que tem. Mas não importa o que eu acho. A história está aí pra provar o contrário. Ou provar que estou certo. Ou as duas coisas ao mesmo tempo, sei lá se é a mesma coisa. Que diz o filme? Que um cachorro consegue ser mais civilizado e humano que qualquer um de nós (nenhuma novidade até aí). Somos bestas arrogantes, caídas, perdidas em meio a um mar de sarcasmo, futilidades, aparências, posses, todos cegos diante da própria danação. E não pensem que sou pessimista. Não sou. Aí alguém diria, "Ah, vá se fuder! Até parece que não é..." Viu? Se tua reação foi essa, você é só mais um deles, como eu, como qualquer outro. Não é porque estou escrevendo aqui, do conforto do meu quarto e da minha cadeira acolchoada e com rodinhas que me acho acima de todo mundo porque eu digo que estão cegos. Também estou no mesmo barco. Todos estamos. Se não se está no barco, morre-se afogado, debatendo-se inutilmente à procura da ilha que não existe. Pronto. Viram? Digredi novamente e não falei porra nenhuma do filme. Mas não to nem aí. É isso. Acho que serve. Se te servir, desocupado leitor, pago-me da tarefa; se não te servir, pago-te com um piparote. E adeus. (Plagiando Machado descaradamente. Mas o que há a fazer?)

A propósito, o velho aqui em baixo, pra quem não conhece, é o dito cujo, Saramago.


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