terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sobre como estou sempre certo, e sobre como tudo que puder dar errado, dará.

Ironia. Risos. Não. Gargalhadas. Altas. Sonoras. Retumbantes. Da Vida, o presente para mim. Mas não de afeto. De desprezo. Para mostrar-me a impotência. Minha. Marionete. Joguete. Não do destino. Não há. Mas da vida. Vê? Idiota! O que dou, tomo. Quando bem entender. Faço-te sentir o cheiro, a presença. Mas não te deixo tocar. Ponho à tua frente. Depois tiro. Te conduzo pelo nariz, feito o asno que és. Como Otelo. Eu, Otelo. Tu, Vida, meu Iago. Não és nada. E nada virá de nada. Esbraveje à vontade. Só mostras o quão pequeno és. Sombra trôpega. Cambaleante. Procurando seu lugar no palco. Acha-se protagonista. Não passa de coro. Em breve, o tropeço. Não demorarás a cair do palco. Como um bêbado. E eu rirei, de ti, da sua insignificância. Quando desejares, trarei até ti mas não te permitirei tocar. Quando desistires, serás teu. Mas aí perderá a graça, não é? E como isso me satisfaz. Quiseras ser como Fool do Lear. Papel tão grandioso? Não. Um Falstaff? Sequer em teus sonhos. Menos ainda o Porteiro. Serás, sempre: o vulto de todos eles. E quando estiveres achando que tudo está bem: lá estarei eu, para puxar seu tapete.

3 comentários:

Mi disse...

Gostei, gostei.
Da parte do "te dei e não tem graça"... nós, interlocutores, gostamos de pé no chão frio: puxe tapete, preciso de algo que me mostre/lembre o incômodo das coisas.

Mas, na brincadeira e na arbitrariedade, quem sabe não se cai no tapete, deita e rola?
(seus textos me trazem boas imagens... não tão niilistas...). Verei se escrevo depois.

E que bom que agora situou quem sou eu. Você é um dos poucos (talvez dos primeiros e praticamente únicos) da "academia" que conhece meu blog. Aguardo visitas e comentários, sempre que quiser.


Um abraço.

Mi disse...

Você tem MSN para.?

Camilíssima Furtado disse...

A vida pode ser uma sucessão de fracassos. Mas mesmo assim devemos aproveitar os momentos em que tudo ainda dá certo. O máximo que se pode esperar da perfeição é um momento. Então que este momento seja pleno, agradável. O que vier depois disso...ah, depois preocupa-se com isso.