segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Salvador Dalí e eu de cá.


El gran masturbador. Ele, Dalí. Eu, de cá. Tu, de onde estiveres. Persiste a memória. A memória que esquece de tudo. Pelo menos a minha. Esquece, mas persiste. Sono e mescla. Grasshoper without hope. E tudo se funde em si mesmo. Em nada. Le rêve. Rever o sonho para ver o que não vê. Homem só, ao fundo em direção ao nada.
E tudo isso na ponta do nariz. Quasifelação quasimodesca. Em meio ao sentido de tudo isso, o absurdo. Porque só restou isso depois de Auschwitz. Disseram que não dá mais pra escrever depois de Auschwitz. O mesmo que dizer que não dá mais pra pintar, ou compor, ou aproveitar o ócio. Foda-se quem disse isso. Quem disse que dava pra escrever, ou pintar, ou compor antes de Auschwitz? Não sou anti-semita. Mas não estou nem aí pro Holocausto. Não foi o primeiro, não foi o único, não será o último. Porque essa é a condição humana, o fado, a danação depois da queda. O orgulho de si mesmo. A liberdade que só há no sonho, porque o resto é aprisionamento e depressão, orgulho e desgosto, debater-se em meio à água fria do rio que não tem correnteza, nem margens, muito menos uma terceira margem. Só o que restou, depois da queda, foi o vazio, que só o sonho preenche. E no sonho, diante da liberdade, tudo se permite. Melhor viver no sonho do que ir embora pra Pasárgada, voltar para Ítaca, ou encontrar o tempo perdido. It's all fucked up anyway. Let us dream. Let us be. Fuck it all. Estaria tudo de cima para baixo? De baixo para cima? Pelo avesso? Ao contrário? É muita falta do que fazer. E pensar que tudo isso está na ponta do nariz.

3 comentários:

Camilíssima Furtado disse...

Amei seu Blog!!! Mesmo! Adorei o jeito como escreve, o sarcasmo sutil e a inconformidade com a natureza humana. Parabéns!!!

Josely Bittencourt disse...

Humm, mudanças no blog...

Sem o intento de articular algo contrário, mesmo pq pouco me interessa o contrário e ainda menos um contrariador. Mas, sim, comentar. Penso no título, imagem e o primeiro parágrafo do texto com um efeito para lá de interessante. Mas a seqüencia se rarefaz [pelo menos para quem não está à margem de suas referências]. E até imagino seu "sarcasmo sutil" vendo isso como patético, algo assim como eram os momentos pós regência...rs

Mas se essa sensação é intencional ao que é apontado de modo tão cáustico no deccorrer do texto, retorno ao 'para lá de interessante'.

(~.~)/*

διδαχη disse...

É Jô. A divagação foi intencional sim. Tenho problemas com linhas retas.