segunda-feira, 22 de setembro de 2008

On Nietzsche.

Ontem apareceu no gadget aí ao lado uma citação de Nietzsche que não queria comentar. Mas ela me atormentou. Não era novidade. Já tinha lido antes. Mas ficou martelando aqui. É a seguinte. Depois de alguma luta comigo mesmo e com a falha memória, consegui localizar o aforismo de Além do bem e do mal (na tradução do Paulo César de Souza):

146. Quem combate monstruosidades deve cuidar para que não se torne um mostro. E se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você.

Queria saber como isso soa em alemão... Ah. A net. Por um momento me esqueci que ela tem (quase) tudo. Em meio ao mar de tralha e desperdício de espaço virtual, aqui está o Nietzsche na língua de Hitler (ou de Goethe, se preferir):

146. Wer mit Ungeheuern kämpft, mag zusehn, dass er nicht dabei zum
Ungeheuer wird. Und wenn du lange in einen Abgrund blickst, blickt der
Abgrund auch in dich hinein.


Abgrund. Abyss. Abîme. Abismo. Abisso. Não sei porque tenho essa necessidade de sentir a mesma palavra em várias Línguas. Mas vai . Estou digredindo novamente. De volta ao assunto.

Que abismo é esse? Tanta gente já deve ter feito essa pergunta idiota e eu to fazendo a mesma coisa. Porra. É o óbvio.

O abismo está na ponta do nariz. Mas a gente tem medo de olhar pra ponta do nariz. Ou pro umbigo. Tanto faz. É pq sabemos que o abismo tá ali. Se pudesse tiraria meu nariz fora para me livrar do abismo. Todavia ele deve continuar ali pra não me deixar esquecer. E se ouso olhar pra ele, ele oha de volta, e o que eu vejo é o reflexo do espelho.









Um comentário:

Camilíssima Furtado disse...

Também tenho essa mania nonsense de observar uma mesma palavra em vários idiomas, embora muitas vezes não consiga encontrar o sentido em nenhum sequer. Concordo que o abismo deva permanecer ali, na ponta do nariz, num grande paradoxo entre limitação e infinitude da alma...