sábado, 27 de setembro de 2008

Un coup de dés jamais n'abolira le hasard






























O acaso, aí: na impossibilidade de se fazer entender. Impossibilidade gerada pelo e no acaso. À mercê do acaso, além do apócrifo, perto de si: o vero. E o lance de dados não pode aboli-lo, senão confirmá-lo. Nada mais é do que isso: enfiar-se de corpo inteiro no imprevisto do acaso. Aceitar suas imposições. Prestes: conseqüências inimagináveis. O acaso.

Decidir a sorte em um lance de dados: mergulhar no abismo da incerteza . No fundo: única certeza. Paradoxal que seja. A certeza da incerteza: nada mais certo do que isso. No fundo mesmo deste abismo: a pieuvre, feminina, faminta, falaz: encarnação animal do abominável, no mais obscuro momento do inconsciente: nós mesmos. Inocentes e despóticos. Do alto desta superioridade sólida e firme como um castelo de cartas empilhadas ao acaso. Descobrimos, por fim: o fim.

Édipo: arrancolhos. Ilusão de cegueira. Mas a crueza do que é certo ultrapassa o orgânico: os olhos ainda mais abertos. Atentos. Impassíveis. Nada lhes escapa: sem pálpebras. Não se cansam de enxergar. Perturbam-nos. Os que quisera fechar, sempre: o trágico do acaso. Inabolível. O imperativo: manifestação abrupta. Essa, sua força: o inesperado. Imprevisto. Contra o qual nada se pode. Do qual nada se sabe.

Jamais abolir o acaso. Entregar-se a um lance de dados: entregar-se ao acaso do acaso: capitular. Fatos: impossibilidade de predição. O oráculo: sonho. Trabalho onírico. Fruto dos restos do dia, do acaso. O oráculo: impossível.

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