Eu também não. Melencolia I. Porque diabos I? Não sei. Representação pictural de doutrinas neoplatônicas, segundo Kampff. O primeiro dos três estágios da melancolia segundo Agrippa. Não interessa. Melancolia é a palavra de quem escreve. A vida e a morte de quem traduz. Traduzo. Sou melancólico. Escrevo. Sou melancólico. Origem grega. Como todo o resto. Pra que isso aqui? Alguém vai ler? E se ler? Muda o quê? Nada. Permanece a melancolia, a impotência, o vazio do olhar da figura da gravura, o cão que dorme ao meu lado também, o firmamento negro e abissal lá fora. O vento frio que entra pela janela. Queria dizer niilismo, mas isso seria niilista demais. Melhor negar o niilismo, porque assim o afirmo. De que adianta o geométrico? A vida é um galho torto. Pra que a balança? Só se tem desmedidas desmedidas. Pra que o misticismo? Il n'y a plus rien.
Rien à voir, rien à penser, rien à dire.
2 comentários:
Antes, sem ler textos teus, nem de longe imaginava sua dicção. Pelo menos aqui me surpreendeu.
Mas se negar é um caminho para afirmar algo, repenso e peso isso já, para além do Melencolia I, mas no 'dispositivo' niilista que acionei em outro comentário e agora vc o particularizou.
Legal os elementos de página com frases, pinturas...ficou muito bom.
Sou uma melancólica por excelência e me identifiquei demais com teus textos, com o modo como escreve. Estou virando fã...
Abraços, Camila.
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