terça-feira, 23 de setembro de 2008

Sabedoria ímpar.






Well, I went to the doctor

I said, "I'm feeling kind of rough"
"Let me break it to you, son"
Your shit's fucked up."
I said, "my shit's fucked up?"
Well, I don't see how-"
He said, "The shit that used to work-
It won't work now."

I had a dream
Ah, shucks, oh, well
Now it's all fucked up
It's shot to hell

Yeah, yeah, my shit's fucked up
It has to happen to the best of us
The rich folks suffer like the rest of us
It'll happen to you

That amazing grace
Sort of passed you by
You wake up every day
And you start to cry
Yeah, you want to die
But you just can't quit
Let me break it on down:
It's the fucked up shit.

Nem Nietzsche. Muito menos Schopenhauer. Quem dirá Cubas. Ou Macbeth. Completa negação ali. Lembrei agora: nem Meursault (falei dele há pouco, e já me fugia). Zevon. Em uma composição esquecida pelo tempo, em meio a sucessos desmerecidos. Se tivesse sido eu a escrevê-la, teria chegado ao fim, e encontrado o Santo Graal. Mas se ele foi até ali, agora preciso continuar a caminhada. Tateando. Na vida, a cegueira já estava ali antes que víssemos. E persiste, mesmo que não estejamos mais.

Let me break it to you son: your shit's fucked up. Dá pra ser mais claro? Talvez Celan tivesse querido essa dádiva. Acabou o lirismo idiota. Acabaram-se as metáforas, metonímias, alusões perdidas em intelectualismo hermético. Não se precisa de mais debates crítico-teóricos. Fudeu a porra toda. Now it's all fucked up. It's shot to hell. Porque essa porra toda é um absurdo mesmo. É nadar pra morrer na praia, quando se consegue tanto. Mas e daí? You want to die, but you just can't quit. Há razão? Teimosia. Menos que uma besta. Menos que Hamlet, Gilliatt, Cubas, Coriolano, Meursault, Macbeth, Iago, Fausto, Borba, Casmurro. Muito menos que ele: Shandy.. E mais. Muitíssimo menos que ele: o Fool de Lear. It's a fucked up shit. O Fool já sabia disso. E só resta escrever à toa. Quase meia-noite. Aula amanhã cedo. E eu aqui, falando merda. It'll happen to you. Cedo ou tarde. Quando não se espera. Isso não é niilismo, nem é um cachimbo. My shit's fucked up? Pra que a surpresa? Já deveria saber do que está por vir.
E é por isso que eu penso o seguinte:

Um comentário:

Camilíssima Furtado disse...

"Expelido por..." Perfeito! Isso é escrever de modo sublime. Não preocupado em agradar, mas em expelir o que está à flor da pele. E não, nem Nietzsche, nem Schopenhauer podem explicar o grande absurdo existencial, que nos leva à busca da perfeição, seguindo porém na direção oposta.
É a mais pura mediocridade mesmo...